EMENTAS
O lugar político das artes
Wagner Schwartz (artista e coreógrafo)
Provocação: Ian Habib (UFBA) e Isaura Tupiniquim (UFPB)
No retrógrado Brasil contemporâneo se tornam comuns episódios de perseguição deliberada a obras e criadores/as e de violações à liberdade artística e cultural. Muitos casos são interpretados como pós-censura que se manifesta por meio de ações judiciais, assédio moral, linchamento virtual, entre outras formas. As motivações para impor restrições à arte estão enraizadas em interesses políticos, religiosos, morais ou econômicos. Como consequência, temos o empobrecimento da esfera pública, o silenciamento de narrativas contra-hegemônicas, a insegurança de artistas, o desencadeamento de processos de autocensura, além da neutralização do lugar político da arte. É com essa provocação que damos início ao Diálogos sobre Gestão Cultural.
Institucionalidades, continuidades, rupturas e insurgências na gestão cultural
Gleyce Kelly Heitor (Oficina Brennand), Keyna Eleison (MAM Rio) e Marcio Meirelles (Teatro Vila Velha).
Mediação: Nathalia Leal (UFBA) e Plínio Rattes (SESC)
A gestão cultural possui uma posição estratégica no campo da organização da cultura. No entanto, estudos mais recentes vêm questionando o perfil tecnicista que ainda predomina na atuação dos profissionais da área e dando visibilidade a diferentes experiências e práticas de gestão que se contrapõem tanto aos modelos mais tradicionais de gestão quanto ao tratamento institucional dado à cultura. A proposta da mesa, considerando o contexto de retrocessos, desmontes e ataques ao campo artístico em que vivemos, é debater a importância e os desafios de uma gestão cultural mais engajada, que seja capaz de promover rupturas e dialogar com temáticas insurgentes que vem pautando o debate contemporâneo no campo da cultura.
Oligopólios, algoritmos e narrativas hegemônicas: o digital e a gestão cultural
Dani Ribas (Sonar Cultural), Tarcízio Silva (UFABC) e Camila Ribeiro (UFBA)
Mediação: Giuliana Kauark (UFRB) e Lilian Hanania (Hanania Consult)
Com o avanço das tecnologias de informação e comunicação, os processos de criação, produção, difusão e distribuição no campo da cultura passaram por significativas mudanças. É notável, no entanto, o ritmo desigual de acesso a essas tecnologias. Ademais, convivemos com um lento desenvolvimento de políticas culturais voltadas às particularidades do ambiente digital. Questões como regulação de novos agentes, garantia da diversidade diante de oligopólios, racismo algorítmico e narrativas hegemônicas, entre outras, tornam-se desafios urgentes para a gestão cultural na contemporaneidade.
Artes, públicos e articulações possíveis na contemporaneidade
Flávio Desgranges (UDESC), Júlio Emílio Braz (escritor), Viviam Caroline (Pesquisadora)
Mediação: Isabela Silveira (UFBA) e Luciano Simões (UFRB)
Diferentes perspectivas para discutir o papel da arte e da fruição cultural na conformação de sujeitos mais jovens. Pensar como o teatro, a literatura e a música podem, juntamente com outras linguagens, desempenhar papel central na mediação da realidade, aportando para crianças e adolescentes novas chaves de leitura frente ao complexo mundo contemporâneo.
Conservadorismos e seus impactos no campo cultural
Leandro de Paula (UFBA), Marina de Castro (UFPA) e
Georgina Gonçalves (UFRB)
Mediação: Gisele Nussbaumer (UFBA) e Gleise Oliveira (UFBA)
A partir do golpe de 2016 vivemos um retrocesso no cenário político brasileiro que, no campo da cultura, se evidencia na descontinuidade de políticas estabelecidas para a área, no desmonte de instituições culturais, na nomeação de gestores sem representatividade e perfil para os cargos que ocupam, em censura e ataques às artes, assim como a pessoas negras, mulheres, LBGTQI+, quilombolas, indígenas, entre outras. A proposta da mesa, considerando esse contexto, é discutir o conservadorismo do projeto político-necrófilo em vigor e seus impactos no campo cultural.
Descolonizar o olhar e feminilizar a cultura
Mariléa de Almeida (Unicamp)
Provocação: Lívia Natália (Ufba) e Mônica Santana (Pesquisadora)
O racismo, o machismo, o sexismo e a misoginia, presentes em todas as esferas da vida social (e cultural), estão no centro dos debates do momento político atual no país, marcado por disputas de narrativas e retrocessos sem precedentes. Ao mesmo tempo, vem se destacando outros olhares e práticas que se contrapõem a perspectiva hegemônica dominante e que tem no afeto, no cuidado e no território as forças motrizes para a criação de novos espaços de acolhimento e formas de se relacionar capazes de fazer com que nos reconciliemos com nossas histórias, corpos e saberes. Nesse contexto e a partir de uma abordagem feminista negra, propõe-se uma discussão sobre a necessidade de descolonizar o olhar e feminilizar a cultura para transformar o mundo.